[O Último Virtuoso] Capítulo 5 - Excitação Descontrolada



“Um amigo falso e maldoso é mais temível que um animal selvagem. O animal pode ferir seu corpo, mas um falso amigo irá ferir sua alma.”

James estava surpreso com o que eu havia dito. E por que não estaria? Não é pra menos... Agora me pergunto como vou corrigir essa burrada.

— Leo, você acabou de me sugerir algo, não foi?
— Não! Não estava sugerindo nada. Perguntei se você poderia me dar outra coisa além de idéias — Espera. Estou me complicando mais ainda agora!
— Ora, ora... E que coisa seria essa?
— É... É... Ajuda! Não estou me sentindo muito bem.
— O que você tem? Quer que eu chame um médico?
— Não, obrigado... Acho que já passa.
— Qualquer coisa é só falar comigo. Bem, então, o que eu queria te dizer é que incrementei algumas idéias diferentes no projeto e queria que você conferisse. Mudei o tipo de revestimento desse salão, pois desse tipo aqui é mais durável e resistente a ruídos. E o design diagonal dessas paredes aqui me parece mais interessante se distribuído dessa maneira. Vamos fazer ficar bem interessante na maquete pra já surpreender e fazer bonito.
— Ah, certo. Vou dar uma olhada.

Pego o papel para conferir, mas não conseguia me concentrar. Eu estava me excitando cada vez mais só de saber que esse cara e eu estávamos sozinhos na minha sala. Meu pênis já estava explodindo e minha respiração estava tão pesada. Eu só precisava ir ao banheiro me aliviar e acho que resolvia.

            — É... Muito interessante, mas agora se me der licença eu...

            James estava olhando pra mim e acontece aquela maldita troca de olhares. Putz! Isso me deixou mais tenso ainda. Não sei que droga é essa! Não me lembro de sentir excitação por um homem antes. Deve ser por causa desse efeito, só pode. Meus olhos já estavam observando suas pernas e eu não conseguia disfarçar. Tarde mais. Dava pra reparar nitidamente que seu ponto forte era nos membros inferiores.

            — Leo... Alguma coisa errada comigo?
            — Muito pelo contrário... Digo... Apenas achei que tinha algo embaixo da sua cadeira, mas foi impressão minha — Socorro! Preciso dar um jeito de sair daqui.
            — Você está bem, cara? Deixa eu ver se está com febre.
— Não! — aproveito as rodinhas da cadeira e me impulsiono para trás — Não estou com febre!
— Você está agindo estranho. Está respirando diferente e não parece focado no assunto.
— Acho que preciso abrir mais a janela — levanto de uma vez.

James também levanta e vem na minha direção pra abrir a janela pra mim. Acabo topando nele. O problema é que foi de frente e ele sentiu que eu estava altamente animado. E agora?

— Leo... Você... Você está excitado com a nossa conversa, não é?
— Isso é vontade de mijar! Sabe como é né? A gente às vezes segura tanto e o negócio sobe — ri pra amenizar a situação — Vou ao banheiro e já volto.
— Certo... Vou aguardá-lo aqui.

Aproveito essa história de ir ao banheiro pra tentar sair da sala. Acontece que James deixa seu celular cair no chão e se abaixa pra pegá-lo deixando aquela bela silhueta grande da sua parte traseira ao meu dispor. Meu coração acelera e meus instintos não queriam que eu deixasse a sala. Estava ficando cada vez mais ofegante e  sentia que já tinha “pequenos vestígios” em minha cueca. Tentei lutar contra essa libido incontrolável, porém James nota tudo e se aproxima de mim.

— Você não está bem, tenho certeza — segura meu braço — Vamos procurar o médico da empresa agora e ver o que você tem...

Eu já não aguentava mais controlar. Imediatamente puxo James pela gravata e o empurro contra a parede. Foi muito rápido, mas percebi que ele ficou assustado. Será que pensou que eu iria bater nele? Nos olhamos fixamente e aproximei meu corpo ao dele. Coloquei uma das mãos em seu rosto e a outra continuava segurando a gravata. O puxei por ela e quando fui me dar conta, já estávamos nos beijando. Que sensação estranha! Era diferente de beijar uma mulher. Elas têm o beijo mais suave e delicado. O de James era intenso e mais agressivo. Sua língua se movia de forma diferente e o ritmo dos lábios... Era como se tratasse de outra melodia. As coisas ficaram bem mais tensas e já estávamos no nível de beijos de preliminares. Altamente estimulantes. Logo em seguida fui direto pro pescoço dele. James coloca seus braços em volta das minhas costas. Esse e outro sinal que não preciso comentar mostravam que ele estava gostando. Toda a moral e pensamentos repressores já tinham caído por terra nesse momento. Eu só queria realizar aquele desejo ali e agora. Desço as minhas mãos para as pernas dele e de repente James interrompe o beijo e me pergunta de eu estava realmente bem.

— Apenas cale essa boca e continuemos — puxo pela gravata e o calo com meus lábios.

Seguindo os instintos animalescos, começo a desabotoar sua camiseta e passar a mão no peitoral do rapaz. Ele faz o mesmo e logo em seguida vai com as mãos diretamente para o meu ‘amigo’ que estava explodindo e clamando pra se ver livre de dentro daquela cueca. Vou com as minhas mãos diretamente para a parte que mais havia me interessado. Seus glúteos. Aperto com força e noto que o safado realmente estava curtindo.

— Acho que não preciso explicar o que eu queria que você me desse além das idéias...
— Não... Apenas faça o que tem que ser feito — responde ofegante — Adoro essa objetividade masculina. É por isso que prefiro seguir por esse caminho ‘torto’ a seguir pelo padrão chato.
— Eu não sei o que está acontecendo, mas fazer uma visita ao caminho ‘torto’ está muito interessante e excitante. Me mostre mais dele, agora!

Imediatamente deito James no chão. A essa altura já estávamos com as camisetas completamente desabotoadas e suados. Nos beijamos mais ainda e começo a sentir uma vontade louca de partir pra algo mais intenso. A sensação de estar fazendo aquilo no próprio trabalho e a adrenalina que percorria meu corpo me fez ficar mais excitado ainda. James estava abrindo o zíper da minha calça e nessa hora, a porta se abre. Era Anne. Droga!

Honey, eu...

            Ela havia nos pego em flagrante, mas logo tomei uma atitude impensada. Olhei fixamente em seus olhos. James observa tudo e fica impressionado ao ver que meus olhos mudaram de cor por alguns instantes.

            Anne vê que eu e James estávamos analisando a planta do projeto na mesa de centro e pede desculpas por interromper. Imediatamente vou até ela e digo:

            — Sem problemas. Você pode me interromper a vontade por enquanto, já que é uma pessoa e tanto, muito talentosa, bonita e outras coisas mais que não preciso citar na frente do James, certo?
            — Assim eu fico envergonhada... Bem, eu queria te avisar que enviei por e-mail o roteiro do festival de apresentação do projeto. Podia ter só telefonado, mas já que ia passar aqui, preferi avisar pessoalmente.
            — Obrigado. Aliás, não quer almoçar comigo hoje?
            — Honey me convidando pra almoçar? Puxa, justo hoje que marquei almoço com amigas da época da faculdade — responde meio entristecida.
            — Teremos outras oportunidades — Beijo sua mão e retorno à minha mesa.
            — Gente, isso só pode ser um sonho... — suspira.
            — Um sonho muito interessante, não é? — pergunto pra Anne que se vê parada no mesmo lugar, mas não havia percebido nada.

            Eu e James já estávamos distantes um do outro e com as camisetas abotoadas. Ufa! Consegui anular o efeito colateral ao usar o meu olhar em Anne. Porém, sabia que isso traria consequências pra mim. Mas foi melhor assim. Quem sabe o que mais podia ter acontecido dentro dessa sala. Ainda bem que toda a libido e excitação havia ido embora.
            Anne sai da sala. Olho para James e ele me pergunta o que eu havia feito. Tento desconversar, mesmo sabendo que no fundo nada que eu dissesse ia adiantar.

            — Bem, James, é que eu...

            O celular dele toca e é possível notar sua expressão de desapontado ao ter que atender. Parecia ser sua secretária pelos assuntos que ele conversava.

            — Droga — suspira — Tenho que voltar pra empresa agora e resolver alguns assuntos. Você me desculpa por isso?
            — Entendo... Sem problemas — Por que diabos essa mulher não havia ligado antes? Ou se eu tivesse conseguido manter o controle por mais um tempo... Agora já era tarde.
            — Bem... Depois conversaremos melhor. Eu adorei o que aconteceu aqui hoje e não vou esquecer — esboça um belo sorriso.

            Ah, jura rapaz? A minha vontade era de viajar pra uma ilha e nunca mais precisar ter que encará-lo. Que vergonha! O que eu tinha feito? Até aquele momento da minha vida não me lembro de ter feito nada desse tipo. Certamente já senti vontade, mas sempre deixei pra lá. Acho que no fundo eu tinha uma tendência a ter um cardápio mais amplo, mas sempre optei deixar metade dele pra lá. Sei lá... Era tudo tão estranho. Aquela cena estava toda na minha cabeça. Como poderia esquecê-la? Não dá pra ficar me enganando.
Assim que James sai da sala, respiro aliviado. Agora que não estava mais excitado, vejo que o que fiz pode ter sido altamente perigoso e liguei para nada mais nada menos que... Lucas!

— Alô, alô, alô! O que a princesa quer com esse humilde escritor a essa hora da manhã? — pergunta Lucas.
— Sempre com uma gracinha logo cedo. E você provavelmente está em casa e acordou agora pouco, não é?
— Incrível como me conhece! Desse jeito fica até parecendo que temos um relacionamento ou algo do tipo.
— Nem brinque com essas coisas, anão.
— O que a gatinha vingativa dos olhos perigosos andou fazendo?
— Sabe aquele cara da Soldi e Successo? O James...
— Sei, sei... O que tem esse cara?
— Eu tive os efeitos colaterais hoje e adivinha o que eu...
— Não me diga que você... Brincou de luta de espadinhas aí na sua sala?
— Claro que não! Por pouco... Digo... De qualquer forma já aconteceu e eu não posso mais fazer nada. Não tenho poder de voltar no tempo.
— Não seja bobo. Leve isso como uma experiência pra sua vida. Apesar de que sempre desconfiei que você curtisse isso também. E você sabe que isso só tem efeito em pessoas você sente no mínimo vontade de fazer algo. Não se reprima, caro arquiteto.
— Será que dá pra me ouvir sem me zoar a cada frase?
— Certo... Tentarei me conter.
— O problema é que a Anne chegou e ia nos pegar no flagra. Usei aquele olhar e neutralizei o efeito colateral.
— Você sabe que não vai poder usá-lo dentro de um período de cinco a sete dias. E isso definitivamente não é bom. Nesse exato momento eu te diria que descobri algumas informações a respeito de um dos caras daquela foto. Ele mora numa casa grande algumas ruas acima da minha.
— Lucas... Ele pode saber de alguma coisa que nos deixaria mais próximos de encontrar aquele desgraçado.
— Com certeza. Mas não sei sequer o nome dele. Só preciso disso pra descobrir mais coisas.
— Putz... E agora?
— Bingo! Acho que agora você tem uma maneira fácil de conseguir. Peça ao seu novo amante. Eles são da mesma empresa lembra?
— Ele não é meu amante, seu duende! E até parece que vai me contar. O James diz que essas informações são confidenciais e nenhum deles pode falar a respeito.
— Aposto que se você “liberasse” aquilo pro executivo, teria a informação liberada por ele...
— Quem vai liberar algo em você sou eu e é um soco no meio dessa sua cara!
— Calma, calma. Bom humor é sempre importante. Leo, aproveite dessa aproximação com esse tal de James pra obter o máximo de informações possíveis. Algo me diz que você poderá saber mais do paradeiro de Thales se prosseguirmos com esse objetivo.
— Você tem razão... Tentarei e te digo assim que souber.
— Agora se me permite... Tenho um capítulo pra escrever e entregar hoje. Me avise imediatamente quando descobrir. Ah, e depois me conte quem é o passivo e quem é o ativo da relação — ri e desliga.
— O quê? Ora seu... — desligo o telefone, sento e olho para o teto pensativo.

Naquele momento não conseguia pensar no projeto. Precisava falar com James o mais rápido possível e tentar descobrir aquela informação.
O dia passou rápido e naquele dia decidi passar por uma praça que eu gostava muito. Ficava em uma parte da cidade que foi desativada. Existiam algumas construções, mas todas abandonadas..
Eu estava num daqueles momentos viajando em outros mundos mentalmente, quando de repente ouço o som da porta de um caro se fechando. Era James que vinha na minha direção. O que esse cara tava fazendo ali e como havia me encontrado? Aquela praça era deserta e praticamente ninguém ia ali.

— Leo! Finalmente te encontrei — para um pouco pra descansar e parecia ter se apressado pra me encontrar.
— James... Como me encontrou aqui?
— Fui até a empresa e encontrei a Anne. Ela me disse que você tinha acabado de sair, me deu seu endereço e disse que se eu não te encontrasse em casa, era só vir nessa pracinha. Resolvi passar aqui primeiro.
— Aquela mulher... — pensei irritado.
— De qualquer forma, estou feliz em te encontrar. Em uma conversa com a cliente de hoje, vi que você deve ter um motivo pra querer saber a identidade do cara da foto. Apesar dela ser contrária que eu expusesse alguém do trabalho, não estou ligando.
— Você quer dizer que ela te deu uma opinião e você está seguindo justamente o contrário?
— Sim! Estou seguindo o meu coração e ele diz que devo te contar o que sei.
— Bem, se quiser conversar em outro lugar e...

Nesse momento um carro em alta velocidade vem em nossa direção. James se joga pra um lado e eu para outro. O motorista do carro dá ré e vai em direção do James. Ele corre o máximo que pode e consegue fazer o motorista acelerar e bater direto em um poste. Corro pra ver se James estava bem, quando de repente, o motorista revela sua identidade. Era Marcella! Estava um pouco ferida por conta do impacto, mas ainda sim estava caminhando.

— Essa... Essa é a cliente de hoje!
— O quê? A Marcella era a cliente que... Tudo faz sentido agora... O que faz aqui, vadia? — pergunto logo sem me sentir nem um pouco intimidado — Pensei que tivesse aprendido a lição.
— Acha que eu esqueci o que você me fez daquela vez? Voltei pra acertar as contas e te enviar diretinho pro inferno juntamente com esse gerente linguarudo.
— Ora, ora... Então você se disfarçou de cliente pra tentar descobrir algo. Logo em seguida, manipulou James usando do pensamento inverso pra que ele viesse atrás de mim e você soubesse onde eu estava. Suas “estratégias” estão cada vez mais previsíveis.
— Ui, Sherlock Holmes salvou o dia mais uma vez. Pena que será a última...
— Será que você até agora não entendeu que...

Observei melhor o olhar de Marcella e parecia diferente. Ela estava com uma marca leve de olheiras ainda por cima. Ela olha seu relógio e comenta:

— Uma hora? Só precisarei de alguns minutos — diz com muita autoconfiança.
— Cuidado Leo! — grita James.