[O Último Virtuoso] Capítulo 10 - Noite & Descoberta
“Você pode enganar algumas pessoas algumas vezes, mas não pode
enganar todas as pessoas o tempo todo.” Bob Marley
Não consigo nem expressar direito o
que senti nesse momento. Aquele homem surge na porta. Droga! Enrolei demais e a
pasta nem em minhas mãos está.
— Quem diabos são vocês? — pergunta o homem
irritado.
Ele era um cara alto, gordo e completamente
diferente do que me descreveram o dono da casa. Esse era Regis Vincent?
— Acho que os dois não estão muito a fim de
cooperar, não é? Vou ser obrigado a fazê-los falar — fecha a porta — Acho
engraçado ter convidados inesperados uma hora dessas. Nenhum dos seguranças me
avisou. Aliás, acho que deveria convidá-los pra participar do nosso encontro
ocasional, principalmente esse garoto. Com esse corpo tem um ótimo potencial
pra trabalhar junto com os meus e satisfazer muitos clientes.
Eu não estava suportando esse jeito irônico dele
falar e com certeza minha cara estava denunciando isso. Esse definitivamente
não era Regis Vincent.
— Que dia bom que o Regis tirou pra não estar em
casa hein? Sorte que eu vim aqui conferir tudo pra ele.
— Quem é você? — pergunto.
— Você é quem é o intruso e deveria responder isso.
Mas acho apropriado me apresentar. Sou Rair Marcus, um dos executivos da Soldi
& Successo.
— Eu não lembro de você aqui na casa do meu tio.
Ela disse... Tio? Amanda era sobrinha de Regis
Vincent!
— Pequena garota... Eu é quem nunca te vi aqui. As
ordens que me foram dadas era eliminar qualquer intruso.
— Dadas pelo Vincent ou tem outra pessoa no meio
disso? — pergunto, pois estava achando aquilo tudo muito estranho.
— Está querendo saber demais. E já notei que pegaram
algo aqui do quarto. Seu tio não vai gostar nada de saber que você anda pegando
coisas dele. Me entregue isso imediatamente, garota!
Amanda não parecia estar assustada com o que estava
acontecendo. Até agora não saía da minha cabeça o fato de que ela podia estar metida
com algum desses bandidos. O tal do Rair estava se aproximando mais ainda dela.
Já bastava! Eu tinha algo a cumprir e pode parecer clichê, mas missão dada é
missão cumprida!
Rapidamente tiro a pasta das mãos de Amanda,
surpreendendo a ela e ao gordo chato ao mesmo tempo. Pude perceber um leve e
discreto sorriso no rosto dela. Era tão mais bonita quando fazia isso. O homem
logo vem em minha direção.
— Acho que seus pais não te ensinaram que é feio
pegar coisas que não lhe pertencem da casa dos outros, seu ridículo!
— Até me ensinaram, mas... Quem disse que eu vou
seguir isso agora aqui? — dou um forte chute na pança dele.
Rair cai rapidamente. Ele parecia ser extremamente
fraco, pois nem fiz muita força. Sem pensar muito abro a porta. Algo tocou meu
coração. Como eu era idiota. Não podia ter saído dali sozinho e dane-se? Puxei Amanda pelo braço e digo:
— Venha comigo!
Nós dois saímos correndo do quarto, de mãos dadas.
Espero que ela não esteja naquele ‘momento mulher’ em que está impressionada só
por eu estar tocando suas mãos. Apesar de fraco, Rair consegue se levantar
assim que saímos.
— Vocês dois estão brincando com a minha cara? Acho
que já deu disso! Vou chamar a segurança imediatamente e acabar com isso — se
cala ao ver que seu comunicador estava mudo — Mas como? O que diabos fizeram
com o sistema de segurança? Malditos! Vou ter que segurá-los aqui de outro
jeito. Ainda não sei se aqueles outros dois estão aqui dentro, mas não posso
esperá-los. Phil vai ficar extremamente desapontado comigo se eu não fizer
algo.
Eu não sei bem o que esse maluco tinha feito, mas a
casa começa a soar um alarme e as janelas começam a se fechar. Várias paredes
surgem do nada e a casa ganha um visual altamente estranho. Nesse momento
estávamos presos dentro de uma sala. Com o golpe que dei e pela fraqueza dele, imaginei
que aquele idiota não iria nos achar se saíssemos logo dali. Tento entrar em
contato com Lucas ou a Marky e não conseguia. Estávamos em silêncio, porém
aquela baixinha resolve quebrar esse clima.
— Leo. O que está fazendo aqui? Por que pegou essa
pasta do meu tio?
— Amanda... Eu estou surpreso que ele seja seu
tio...
— É um tio bem distante. Quase não tenho muito
contato com ele. Aqui na casa dele tem uma excelente biblioteca e eu estava
procurando alguns livros pra nos ajudar com o projeto. Estou aqui faz um tempo.
— Espera. Quando passei perto da biblioteca ouvi a
voz daquele maluco. Como é que você estava lá?
— Eu não estava mais na biblioteca. Eu... Eu...
— Veja como você também tem seus motivos de estar
aqui, assim como eu. Me sinto desconfortável de falar sobre no momento, então
vamos apenas sair daqui, certo?
— Certo... — faz cara de emburrada.
— Bom, primeiro temos que pensar em uma forma de abrir
essa porta daqui. Com o alarme ativado tudo se travou... Se eu conseguisse
entrar em contato com aquele idiota pelo menos... Mas, vou usar um pouco da
força bruta agora.
Usando minha mão direita e com muita concentração,
consegui destruir a porta. Excelente! Aquele local parecia um pedaço do hall
superior e já dava pra ver as escadas. Descemos até o salão principal e era
possível ver algumas paredes que surgiram no meio do caminho. Como sairíamos
dali? Ouço vozes e me escondo com Amanda na parte abaixo das escadas.
— Hein? Aquele idiota usou o sistema de trava e
bagunçou a casa do Vincent toda... Que absurdo! Nem estamos num estado de
calamidade pra isso. Preciso tirá-la daqui agora. Seu tratamento ainda precisa
ser completado.
— Sim...
Aquelas duas vozes eram familiares. Olho discretamente
e vejo aquele doutor carregando alguém numa cadeira de rodas. Era Marcella! Ela
não parecia estar nada bem e o homem procurava uma saída. Observei em silêncio
e vi que ele tinha um controle em suas mãos. Alguns minutos depois e ele
simplesmente desaparece com ela! Eu e Amanda ficamos chocados com o que vimos e
corremos até o meio do salão.
— Leo! Eles
sumiram!
— Eu vi. Isso parece loucura, mas num local como
esse... Precisamos sair daqui.
Amanda vai até uma das paredes e vai passando as
mãos e batendo. Ela diz que uma delas parecia oca e que talvez fosse mais fácil
de abrir caminho, já que eu tinha a força de um monstro. Achei ofensivo o
comentário e pergunto a ela onde é, até porque não poderia destruir qualquer
coisa. A minha visão mostrava que atrás daquelas paredes haviam lasers
detectores ligados na maioria das partes.
— Aqui!
— Não estou vendo...
— Aqui, idiota — pega a minha mão e coloca no local.
Nesse momento ambos nos olhamos. As mãos dela eram
tão suaves e delicadas. Ela fica desconcertada e larga a minha mão. Eu a seguro
novamente e não digo palavra alguma. Meu coração já batia e só conseguia pensar
naquela frágil e linda garota. Estava perdendo o foco da missão e isso não era
nada bom. Sem muita resistência, nos aproximávamos cada vez mais e quando o
beijo ia rolar, ouvimos o barulho de várias paredes sendo destruídas. Rair
surge. Ele estava quebrando tudo! De onde adquiriu tanta força assim. Reparo e
vejo olheiras que surgiram e suas veias altas. Ele com certeza tinha se drogado
com shinohana.
— Então é aqui que vocês dois estavam, não é?
Pensaram que iam me fazer de besta? Minha sorte de hoje diz que eu teria que
eliminar qualquer pedra de tropeço em meu caminho. Meu caminho é aqui e as
pedras são vocês dois!
— Amanda — destruo a parte oca da parede — fique
aqui!
— Garoto idiota!
Sem hesitar, corro até aquele homem e tento
acertá-lo com um soco. Ele segura a minha mão rapidamente e com a outra mão
toca na região do meu pênis. O que era isso?
— Hum... Parece ter um bom potencial... Que pena ter
que matá-lo. Que tal eu me divertir com você antes de te matar?
— Vai sonhando!
Ele aperta meu braço. Como tinha força! A minha
sorte é que era o esquerdo. Uso a força da minha mão direita e o faço soltar.
Quando penso em atacar, sinto uma forte dor de cabeça. Várias visões estavam
vindo a mim nesse momento. Sangue, muito sangue... Morte... Vingança! Que
desejos eram esses? Rair ri da minha situação e eu mal conseguia sair do chão.
O meu psicológico estava me deixando vulnerável. Era o fim! Não conseguia fazer
nada e ele me mataria ali. Para a minha surpresa, vejo a silhueta de uma garota
acertar uma cadeira naquele louco pra me defender. Era Amanda! Eu tinha pedido
a ela que ficasse do outro lado e ela voltou!
— De... Deixe-o em paz! — diz com uma voz não muito
confiante.
— Me acertou com uma cadeira? — começa a gargalhar —
Sua piranha idiota! Eu estou sob o efeito de uma shinohana de classe C. Muito
mais poderosa e dá resistência por seis horas. Pode me acertar até com um
pedaço de concreto e nada vai adiantar. Agora e você... Sobrinha distante de
Regis Vincent... Acho que não seria nada mal acabar com você e dizer a ele que
ela foi acidentalmente morta na...explosão desse local.
— Está planejando explodir isso aqui? — pergunta
assustada.
— Sim... E serei muito reconhecido por ter acabado
com esses dois intrusos. Como o seu amiguinho está se contorcendo de dor no
chão, depois pego a pasta que eu já sei que está debaixo da camiseta dele.
Aliás, vai ser uma honra começar por ali, que já me dá asas pra minha diversão.
— Nojento!
Rair dá um forte tapa na cara de Amanda.
— Nunca volte a me chamar disso, sua puta! — ele a
segura pelo braço e começa a acertá-la — vai apanhar por trair seu próprio tio
defendendo um ser do mal desses, apesar de achar mais interessante ver ele te
matando no futuro... Morta por quem defendeu, olha só que legal?
Amanda tenta se defender, mas não conseguia. Eu ouvi
seus gritos de dor e mesmo com muita dor de cabeça tento me levantar para
enfrentar aquele monstro. Olho firmemente em seus olhos e o idiota esnoba isso.
— Por quê está me olhando com esses olhos, seu
merdinha? Vou largar essa vagabunda aqui e partir pra você. Adorarei ver seu
olhar de sofrimento quando eu estiver te estuprando sem piedade alguma, seu
monstro horroroso — solta Amanda e vem na minha direção.
A dor de cabeça volta e mal consigo me mover. Rair
segura Amanda novamente e a empurra contra mim. O golpe foi tão forte que
batemos juntos na parede. Acertei minha cabeça e perdi a consciência. Ambos
estávamos desmaiados nesse momento. Rair sorri e se aproxima. Ele começa a
passar as mãos por dentro da minha camiseta e não encontra a pasta. Ele acha
aquilo muito estranho e de repente sente algo molhado. Ao olhar para as suas
mãos, vê que estavam manchadas de sangue. Quando torna a nos olhar novamente,
vê nossos corpos se transformarem em poças de sangue.
— O que diabos é isso? — se afasta e ouve o som de
um trovão — Chuva?
Rair olha para janela e vê que uma tempestade
começou. A janela estava coberto de um líquido vermelho e o telhado da casa
inteira se destrói. Estava chovendo sangue e ele tenta fugir daquilo, porém não
encontrava a saída nunca e tudo estava inundando. Rair estava se afogando em um
piscina de sangue e devido ao seu desespero começa a engolir e sente que estava
morrendo. Ele grita por socorro e de repente acorda. Estava caído no meio do
salão. Ele se levanta e vê algo escrito em uma das paredes: “Espero que tenha
curtido o sonho. Por: Olhar do merdinha”.
— Maldito! — começa a tossir e nota que a shinohana
estava ficando instável em seu corpo — Droga! Tinha um controlador aqui no meu
bolso e não encontro — tosse sem parar e sentia que ia morrer.
Um homem entra no local e joga um pequeno recipiente
nas mãos dele. Rair ingere rapidamente e volta ao normal. Ele agradece e ao
vê-lo comenta:
— Você? Por que me ajudou?
— Rair... Somos do mesmo grupo, não é?
— E desde quando você se importou com isso? Estava
discutindo com você sobre isso há um tempo no telefone!
— Desde que alguém me falou sobre isso... Alguém que
eu não vejo há cinco anos...
Enquanto isso aconteceu no interior da casa, eu já
estava lá fora carregando Amanda. Marky me vê.
—
Mestre! Mil perdões! Eu não consegui te ajudar e...
—
Não diga nada... Você me ajudou mais do que imagina. Muito obrigado!
—
Sério? Mas eu...
—
Podemos ir juntos para casa agora? Consegui a pasta!
—
Certo... Sim, mestre! — responde mais animada.
Lucas
aparece e entra no carro. Ele me dá um sermão por conta da falta de
comunicação. Estava meio pensativo e acabei não dando muita atenção. Marky
comenta algo:
—
Achei muito estranho tudo o que aconteceu em relação à segurança... Alguém
passou por ali, tenho certeza.
—
Eu também fiquei impressionado. Fiquei observando o tempo inteiro e não vi
ninguém entrar naquele local — comenta Lucas.
—
Tinha mais gente do que vocês imaginam ali dentro, por isso nem me surpreendo. Até a Marcella
estava.
—
Essa daí deve ter sete vidas, hein — brinca Lucas.
— E
algo me diz que essa é a sétima. Se ela se colocar no meu caminho, não
hesitarei e a matarei de uma vez.
—
Mestre...
—
Bem, vou deixar a Amanda no meu apartamento. Não sei onde é que ela mora e como
está desacordada. De lá vou encontrar Jennie, mas... Antes vamos ler o que tem
dentro dessa pasta. Estou bem curioso.
Eu
realmente queria muito saber o que tinha dentro daquela pasta. Jennie a quer e
eu sei que ela é esperta. Aquele louco queria recuperá-la. Abro e vejo que não
tinham muitos papéis. Um deles tinha uma imagem de uma parede com um símbolo
estranho desenhado. Eu tenho certeza que já havia visto aquilo alguma vez na
minha vida... De qualquer forma fui ler em voz alta, para que Marky e Lucas
também ouvissem. Uma história a respeito de onde surgiu tudo ocupava a primeira
folha. O local chave mais comentado era uma tal ilha do Milênio. Lá foi o local
onde os tais virtuosos existiram. Na página seguinte citava algo
impressionante. Os dons dos virtuosos que antes eram considerados dádivas se
tornaram maldição. Alguns usuários manifestavam personalidades assassinas caso
fossem expostos a grandes emoções e decepções. Cada corpo reagia de uma maneira
diferente. Os dons foram evoluindo e se
modificando. Todos os virtuosos usavam o olhar para fazer algo, tinham algo
especial em um dos membros superiores ou inferiores e uma habilidade
desconhecida. Outra parte que achei interessante é quando falava sobre a libido
sexual. Virtuosos tinham essa libido e vigor triplicados e um deles possuía
isso como conseqüência do uso abusivo de poderes. Era uma forma de controlar
isso e permitir que ele espalhasse seus genes. Porém, existia uma maneira de
eliminar esses poderes. Por meio do ritual ‘ANTI-VIRTUOSO’. Extremamente doloroso, consistia em expor o
virtuoso a um choque entre prazer extremo e em seguida decepção e tristeza por
algo. Alguns procedimentos precisavam ser seguidos e logo depois, e quem o
matasse herdaria seus dons por meio de uma transferência espiritual. Algo
bizarro...
A folha seguinte estava em uma língua de códigos.
Não conseguia ler. Lucas comenta que esse ritual foi a parte mais interessante.
Provavelmente havia sido exatamente isso que a tal pessoa encapuzada tinha
tentado fazer comigo quando matou a minha mãe... Imperdoável... Acabar com a
vida de alguém que não tinha nada a ver... Essa pessoa precisa pagar... Li mais
algumas notas em outras folhas e achei informações interessantíssimas, mas não
irei comentar agora. Nesse momento eu já sabia exatamente o que eu era e quais
seriam meus próximos passos. Só precisava saber onde se encontrava aquele ser
desprezível.
Deixo Amanda deitada em
minha cama e ligo pra Jennie. Ela responde animada e marcamos de nos encontrar
imediatamente. Ela pergunta se prefiro na minha casa ou na dela. Eu escolho ir
na dela. Não queria revelar minha localização e estava indo preparado caso
fosse uma armadilha. Marky dessa vez me acompanha e subimos juntos ao
apartamento de Jennie. Era um lugar fantástico! Muito bem decorado e lindo. Ela
pergunta se aceitávamos um suco ou algo pra comer.
— Aceito doces, por
favor — diz Marky.
— Marky! — dou algumas
risadas.
— Desculpe! Não deveria
ter pedido isso.
— É bem incomum esse
pedido, mas eu tenho um pudim na geladeira que preparei hoje. Se quiser um
pouco.
— Aceito, senhorita
Spagnola. E muito obrigada!
Enquanto Marky comia o
pudim entusiasmada, eu entrego a pasta para Jennie. Ela confere o material e
confirma que era mesmo aquilo que procurava.
— Eu não sei bem pra
quê você quer isso, mas agora entendo perfeitamente o motivo daquele louco
querer manter isso lá. Informações demais.
— Ora, ora... Você leu
então, não é?
— E por que não leria?
— Muito inteligente...
Então sabe de tudo e não preciso explicar nada disso. Pulemos a parte que te
interessa. Como prometido, te falarei sobre o paradeiro do nosso antigo grupo.
— É exatamente isso que
eu estava esperando.
— Bem, a Samantha está
morando em outro país desde então. Ela gostou de lá quando fez intercâmbio,
pouco antes de você sumir, lembra?
— Lembro sim... E ela é
um amor de pessoa! Eu fui embora e ela nem sabe o que aconteceu. Não pela minha
boca, é claro.
— Ela sentiu bastante a
sua falta, sério. Mas, sobre os outros... Os três trabalham praticamente
juntos.
— Como é?
— Todos os três
trabalham para a Soldi & Successo. Nenhum deles seguiu o ramo da
arquitetura em si como você. Bruce... Bem, ele é um dos membros da organização,
mas parece não gostar tanto do emprego e vive mais jogando tênis por aí do que
trabalhando.
— Que estranho...
Aquele cara era tão focado nas coisas.
— Eu não sei bem o que
aconteceu, mas ele se desfocou e está bem diferente. Um babaca! Não que não
fosse, mas está mais ainda — diz isso com uma cara que expressava certo rancor —
Ele parece até um bad boy
ultimamente.
— É aí que eu fico mais
surpreso ainda. Um bad boy?
— Exatamente. E quanto
a amiga dele, a Bianchi. Ela se tornou membro da empresa e as vezes que a vi,
estava sempre vestindo ternos femininos muito bonitos. Ela tem uma tendência de
querer mostrar os peitos por meio de decotes, mas isso não vem ao caso agora!
Notei que Jennie envolvia
certo tom pessoal ao falar deles.
— Ela continua junto
do...?
— Sim. Nunca o
abandonou. Não sei bem te dizer como ela ficou depois que você sumiu, mas me
pareceu estranha, mais que o de costume. De qualquer forma, pelo que analisei,
ela parece um robô que obedece a ordens e cumpre sem questionar, acho.
— Ela também não era
assim...
— E por último o tão
esperado... Phillip Neddfor.
— Phillip Neddfor?
Então esse desgraçado mudou mesmo de nome, não é?
— O nome dele sempre
foi esse. Ele quem te enganou o tempo todo. Eu achava ridículo e ele alegava
que era o jeito que você o conheceu e o chamava assim porque preferia. Não quis
me meter e por isso nunca disse nada.
— Você não falava
muito, vamos combinar! E quanto aos outros dois? Por quê nunca abriram a boca
pra dizer isso?
— Isso você pergunte
pra eles! Você foi assunto na universidade durante muito tempo. Mas voltando...
Phillip conseguiu misteriosamente um cargo alto na empresa ao se aproximar de
Regis Vincent. Dizem que eles têm um caso ou algo do tipo. E foi assim que ele
levou Bruce e a Bianchi junto. Não sei como os convenceu de ir trabalhar lá.
— E onde é que estão
eles?
— Vieram pra essa
cidade faz quase um mês! Vão passar algumas semanas aqui justamente por terem
participações confirmadas no Festival que a empresa que você trabalha vai
promover.
Aquela notícia era um
choque! Faltava poucos dias para o festival e eu me depararia com eles?
— Olha... Então quer
dizer que estão todos aqui? Eu...Eu realmente...
— Vão morar aqui. A
irmã do Bruce desapareceu e ele vai ficar no apartamento dela. Já a Bianchi e o
Phillip devem ter arrumado um jeito. Isso tudo porque o Regis pediu. Meus
contatos dentro daquele lugar me disseram que isso é fachada. Leo, você leu as
folhas dessa pasta. Sabe muito bem a verdade. Se prepare e não poupe força
bruta se necessário.
— Sim... A brincadeira
já acabou. A paz na vida de quem me fez mal está com os dias contados... É hora
do show!
Marky para de comer e
me olha. Eu estava muito sério e provavelmente fazia muito tempo que ela não me
via com aquele olhar de vingança determinado.
— Ou eu sobrevivo, ou
eles sobrevivem! Está na hora de honrar o meu nome como virtuoso!
[CONTINUA...]