[O Último Virtuoso] Capítulo 2 - Flashback

“Você não precisa fazer 100 amigos. Apenas faça amigos verdadeiros que você se importe 100 vezes mais.” KODAKA, Hasegawa.


Naquele momento, entrei em desespero e notei que não havia ninguém dentro daquela sala estranha. Não havia janelas naquele local medonho e a única iluminação era a de algumas lâmpadas velhas. O meu instinto de sobrevivência falava mais alto e eu precisava sair dali imediatamente.

Ao me mover um pouco, notei não estar bem amarrado. Com isso, consegui deixar uma mão livre. Em seguida, não foi tão difícil me livrar da outra amarra. Acho que quem havia me prendido não fez questão de fazer isso direito. Estranho... Sem pensar mais, me levantei e olhei para aquele lugar horrendo. Que clima de morte e que vontade de sair correndo! Mas, onde é que eu estava? O que era aquilo ao meu redor? Um ritual? Vejo uma saída. Essa era a minha chance e por isso corri imediatamente em direção a ela. A porta era de madeira e consegui abrir. Esbarrei na hora com um cara encapuzado que estava prestes a entrar na sala. Minha primeira reação foi sair correndo desesperadamente. Nem olhei em sua face. Ele tentava me alcançar a todo custo. Minha cabeça doía demais enquanto corria. Dessa vez eu estava em alguns corredores estranhos e descobri que aquele lugar era familiar, mas não lembrava exatamente o que era. Tive sensações estranhas durante toda a minha fuga e não entendi como ia parar em alguns lugares. Alucinações? Era isso que eu estava tendo?

 O louco continuava me perseguindo e me dizia para não fugir que ele queria me ajudar. Fala sério! Se eu não tivesse me livrado e saído dali, ele iria me matar, com certeza. De repente, sinto algo passar rápido e de raspão pelo meu braço. Segundos depois e sinto um estranho ardor. Notei que estava sangrando. O louco encapuzado havia me atirado uma faca ou algo cortante, sei lá!  Ele tinha uma péssima mira, mas eu não queria servir de alvo pra ele provar isso pra si mesmo. E esse cara disse que queria me ajudar. Imagina se não quisesse! A essa altura do campeonato eu consegui ver a saída e quando notei, ele estava bem perto de mim já segurando o meu braço. Dou um chute na perna do infeliz e ele segura meu braço com força. Tentei dar socos na face coberta pelo capuz e ele conseguiu desviar por pouco. Acabei me desequilibrando e o maldito conseguiu me empurrar contra a parede. Aquele perfume não me era estranho. Ele então segurou o meu pescoço e começou a me enforcar. Eu já estava ficando sem ar e não conseguia nem olhar direito pra face daquele desgraçado. A minha vontade naquele momento era de mata-lo. Sim, esse desejo já estava começando a me consumir. Eu já me sentia enjoado e aqueles efeitos de alucinação voltaram. Não estava mais entendendo muita coisa. O que acontecia? Onde é que eu estava? Eu me perdia da realidade...

Eis que consegui levantar minha perna e dei um forte chute na barriga dele. Era a minha chance. Eu podia tê-lo atingido em algum ponto vital. Assim teria o matado de vez. Entretanto, preferi sair daquele lugar. Já sabia onde era a saída, então não pensei duas vezes e corri em sua direção. Só deu tempo de ouvi-lo pedindo por reforços e chamando alguém de incompetente. Eu realmente pensei em matar aquele cara? Minha cabeça doía novamente. Estava chovendo e já era noite. Eu estava perdido e a primeira coisa que fiz foi voltar correndo para casa. Não lembro onde é que eu estava. O que diria pra minha mãe quando chegasse lá? Que um louco tentou me matar? Como poderia ir à faculdade no dia seguinte? Talvez eu devesse passar em uma delegacia antes, mas em pouco tempo já estava em frente ao prédio onde morava. Não me lembro nem do percurso... Eu queria vê-la. Por algum motivo.

O porteiro logo me vê e nota que eu estava todo molhado e sujo. Digo a ele que estava tudo bem, mesmo disfarçando o meu braço, ou ao menos tentando. Ao sair do elevador, sinto um forte calafrio. O corredor do décimo andar parecia estranho. Tão sombrio. Eu me aproximei da porta e lembrei que estava sem nada. Dor novamente. Minhas chaves estavam dentro da minha mochila, que nesse exato momento não estava mais comigo. Toquei a campainha. Ninguém atendeu. Fiz isso outra vez e nada. Isso era muito estranho. Ela costumava já estar em casa a noite.

Puxei a maçaneta e notei que a porta estava aberta. Uma sensação de medo estranha invadiu o meu corpo novamente. A casa estava com as luzes apagadas e as janelas abertas. Minha mãe não podia estar ali. Ela sempre fechava as janelas quando chovia. Dava pra ver que uma parte da sala estava toda molhada por conta da varanda que estava toda aberta. Eu então a chamo, apenas pra confirmar que ela não estava ali mesmo. Nenhuma resposta. De repente minha cabeça começa a doer e tudo começa a girar. Vi vultos, senti coisas estranhas, ouvi gritos, sons, coisas se quebrando. Caí no chão e a sensação que eu tinha era a de ter desmaiado e acordado de uma só vez. Que sensações eram essas?

Voltei a realidade e me levantei. Meu coração acelerou ao chegar ao corredor dos quartos. Sangue... E um corpo... O precioso corpo do ser mais valioso. Ela estava ali, caída. Instantaneamente lágrimas saíram dos meus olhos nesse momento. Meu coração apertou e caio ajoelhado diante dela. Acho que nunca chorei tanto na minha vida quanto aquele dia. Quanta dor eu sentia. O que tinha acontecido? Por que ela estava morta? Eu já estava sujo de sangue e não entendia mais nada. Será que pensariam que fui eu? Isso com certeza era obra dele, obra do encapuzado que eu sabia melhor do que qualquer outra pessoa quem era!

Eu já estava cansado depois de todos esses flashbacks mentais e não conseguia me lembrar de todos os detalhes. Algo bloqueava minha mente e tenho certeza que uma parte da história eu não consegui me lembrar até hoje. Tive alucinações o tempo todo. Após aquele dia, passei quase seis meses por um período traumático. Como a minha cabeça dói. Chega por hoje! Deixo a varanda e vou direto ao banheiro. Eu me olho no espelho. Como mudei! Quanta coisa aconteceu daquele dia pra cá. Penso um pouco como seriam meus próximos passos. A noite do dia seguinte seria importante. Eu poderia conseguir uma grande pista se soubesse bem como agir. É uma chance que o destino estava me proporcionando e eu não podia desperdiçar.

            Acordei tenso e até mais cedo que o de costume. Acredito quase não ter dormido essa noite. Não quis enrolar muito na cama e me levantei logo. Dei aquela mijada matinal gostosa que me aliviou, porém, enquanto tocava o meu pau, percebi que precisava de algo mais. Estava muito tenso e como tinha acordado bem mais cedo, poderia me aliviar de outro jeito.

            Entro debaixo do chuveiro e sinto aquela água morna percorrer todo o meu corpo. A essa altura do campeonato, meu pênis já estava bem mais acordado que eu e não demorou muito pras minhas mãos descerem para fazê-lo se sentir mais vivo. Agarro calmamente o meu membro de médio porte e começo os clássicos e simples movimentos que levam qualquer homem a loucura. Eu estava muito eufórico só com os primeiros toques e então acelerei os movimentos. Que sensação boa percorria todo o meu corpo! Instintivamente me deixei levar e estava fazendo movimentos circulares por toda a glande enquanto alternava com um delicioso vai e vem. Estava chegando ao ápice e não me preocupava com mais nada. Sentia-me como um animal feroz e minha mão direita se movimentava cada vez mais rápido e mais forte.  Uma explosão de prazer sai do meu interior no formato de gemidos de satisfação e fortes jatos. Eu realmente era bom e tenho certeza que venceria numa competição de velocidade e distância. Que maravilhoso! Não fazia isso há um bom tempo e foi ótimo pra começar o dia bem. Prossigo e tomo um banho.

            Como morava sozinho, fui tomar café da manhã sem nem colocar uma cueca. Acho que estava meio rebelde esse dia. Eis que para minha surpresa, a campainha toca. Apenas coloco a toalha e vejo quem era. Dependendo de quem fosse eu podia vestir algo, mas não era o caso. Abro a porta e estou diante de uma mulher jovem de cabelos curtos e roxos, pele branca e que vestia uma jaqueta. Feminismo extremo não era o forte dela. Seu nome era Marky Strauss.

            — Bom dia mestre. Trouxe pães de queijo, torradas e geleias.
            — Ótimo, estava prestes a comer pão esquentado na chapa... Esqueci de comprar algo ontem.
            Marky entra e começa a preparar as coisas pra mim. Antes que pensem qualquer coisa, ela não é minha amante ou minha serva sexual. Digamos que eu a ajudei há alguns anos e ela meio que me retribui o favor... Até hoje. Mas eu nem reclamo, gosto da presença dela.
            — Não prefere já ir se vestindo? Eu preparo tudo. O mestre tem mania de ficar assim de toalhas todo dia na mesa do café da manhã!
            — Por quê? Está ficando animadinha ao ver o corpo do seu mestre? — provoco passando a mão e descendo um pouco da toalha. Eu realmente não presto.
            — Não é bem isso, apesar de eu gostar bastante do corpo do mestre — sinceridade é um forte dela — Mas bem, fique da forma que se sentir a vontade.

            Nós dois estávamos comendo aqueles pães de queijo quentinhos e deliciosos. O seu recheio estava maravilhoso. Eis que ela me pergunta enquanto passava geléia em algumas torradas:

            — Algum passo em relação ao plano, mestre?
            — Sim. Hoje à noite tenho um jantar com um cara da ‘Soldi & Successo’.
            — Essa é a empresa que ele supostamente trabalha, não é?
            — Sim. Tentarei conseguir alguma informação importante.
            — Certo... Devo acompanha-lo e aguardá-lo lá fora?
            — Se você quiser... Só não sei se vai ser rápido ou vai demorar.
            — Não me importo. Ficarei lá pra caso algo aconteça. Lembre-se que estamos lidando com alguém perigoso, mesmo que indiretamente.
            — Eu sei bem... Até demais...

            Pouco depois, termino de me arrumar, me despeço da Marky e vou direto para o trabalho. Nos corredores acabo me deparando novamente com Anne que pra variar, estava usando uma saia curtíssima e deixando suas coxas médias, mas muito bem encorpadas e distribuídas, a mostra.

            — Bom dia, honey!
            — Bom dia, Anne.
            — Hoje só ficarei aqui até a hora do almoço. Então... A pedido do chefe, vou te passar algumas recomendações a respeito do James.
            — Ah... James... Esse é o nome do investidor ou gerente sei lá, não é?
            — Isso! Não se esqueça pelamooooor de Deus — dizia isso em um tom intenso e fresco — Ele é um cara bem temperamental e não costuma ser fácil aceitar investir em um negócio de primeira. Então tenha lábia pra convencê-lo de que o projeto será útil e renderá algo.
            — Tentarei fazer o meu melhor. Mas será que ele não é desses que vai pelo gênero da pessoa? Porque aí seria mais fácil enviar uma mulher e...
            — Não, não. O chefe disse que isso não é problema para o James. Não entendi bem o que ele quis dizer com isso, mas confirmou que se você souber como argumentar e usar sua persuasão, conseguirá convencê-lo. A pasta com o resumo e imagens do projeto estão na sua sala. Aliás, tem um amigo seu que chegou cedo e está te esperando lá desde cedo. Desagradável...
            — Entendi. Um amigo? — me pergunto quem seja — Obrigado pelas recomendações e... Não, não irei te recompensar desse jeito quando você voltar — ela já estava com as mãos no meu abdômen e faz uma expressão de chateação — Curta bastante o casamento da sua irmã!
            — Ainda difícil... A confraternização da empresa é no fim de semana que vem e você não me escapa! — diz isso e sai com pose de quem realmente tinha razão.

            Depois daquela conversa nada emocionante com a Anne, me dirijo até minha sala. Ao entrar e ver aquele sujeito de óculos, sentado de uma forma única com os pés em cima da minha mesa e um livro na mão, já imaginei quem era. Lucas Turatti.

            — Tá pensando que isso aqui é sua casa, bobão? Vai tirando esses pés imundos aí da minha mesa e vai sentando direito.
            — Bela sala. Devo ressaltar que as combinações de quadros não fazem bem o seu estilo, mas quem liga?
            — A que devo a sua “ilustre” presença tão cedo aqui na minha sala?
            — Está com uma cara de alívio. Da última vez que te vi estava tão tenso, rapaz. Com certeza comeu alguém hoje, certo?
            — A minha mão serve?
            — Serve. Essa vale a pena comer sempre. Mas eu falo de alguém, alguma garota.
            — Não. Você sabe que a Anne foi a única que eu tive relações até hoje.
            — E que mulher hein! Mas no meu caso, fico só observando e ainda procuro a certa. Sabe que sou bem chato pra essas coisas, não é?
            — Você é um chato pra quase tudo, vamos combinar. Com bunda grande, você quer dizer? E tem que achar alguma garota com menos de um metro e meio pra ficar mais baixa que você. Como faz?
            — Seu senso de humor continua o mesmo, senhor virtuoso.
            — Falando nisso... Já ficou sabendo do jantar que eu vou hoje a noite, não é?
            — Estou sabendo. E é sobre isso que eu vim conversar. Consegui descobrir mais uma informação — tira uma fotografia de uma das páginas do livro que segurava e me entrega — Está meio ruim de visualizar, mas observe esse homem.

            Na foto havia quatro pessoas. Homens de terno em uma festa bem elegante, aliás. Ao olhar para o que estava atrás, meio escondido, sinto algo.

            — É esse! Esse é o Thales!
            — A sua descrição bateu perfeitamente. Ainda não descobri de fato o que esse sujeito faz, mas trabalha na S&S. Esse evento era exclusivo pra quem trabalha lá. Tem certeza que é mesmo ele?
            — Sim. Tá um pouco diferente, mas reconheço a cara desse desgraçado até mais velho.
            — Olha lá hein... Sabe que não vamos encontrar nada se procurarmos pelo nome que você conhece. Lembra-se do que você mesmo me contou que aconteceu quando foi parar na delegacia naquele dia?

           A polícia, perícia e investigadores chegaram ao apartamento e me encontraram na varanda olhando para baixo. Pensaram até que eu fosse me jogar dali. A hora dos depoimentos havia chegado e eu contei tudo que havia acontecido. Dias se passaram e nada. Fui até a delegacia tirar satisfações, pois estava me sentindo cada dia mais estranho e atordoado. Aquele dia ouvi uma das maiores barbaridades da minha vida.

— Por que você tem tanta certeza da identidade da pessoa que matou sua mãe?  — perguntou um dos agentes que trabalhavam no caso. 
— Eu tenho certeza que foi ele. O cheiro e algumas atitudes eram muito parecidos.
— Não encontramos evidências da presença de mais ninguém naquele apartamento, a não ser a sua.
— Por acaso está insinuando que eu sou o assassino?
— Você é quem está dizendo...
— Eu não mataria minha própria mãe! O que leva tanto vocês a desconfiarem disso?
— Exatamente por termos pesquisado e investigado tudo. Não existe ninguém chamado Thales Denford.

Eu me senti impotente e comecei a surtar. Thales? Ele existia sim! Como podiam não estar acreditando em mim? Estavam alegando que eu era louco e estava afetado pelo falecimento da minha mãe. Depois de uns surtos, fui parar em uma clínica de recuperação e por lá fiquei três meses sendo taxado como transtornado. Ninguém acreditava nas minhas palavras. Até que você apareceu um dia pra me visitar e... Me tirou daquele lugar horrível.

            — E até hoje não comi daquela macarronada que você me prometeu.
            — Que mentiroso! Eu já fiz tanta coisa pra você comer.
            — Você disse que me faria uma boa macarronada, mas até hoje não comi nenhuma boa.
            — Ora seu! Não faço nada pra você comer mais, fique ciente disso.
            — Não, não! Estou apenas brincando, você sabe disso — responde um pouco preocupado, porque ele sabe que eu cozinho bem e se não fosse por mim, ele comeria macarrão instantâneo e enlatados todos os dias— Mas você sabe que algo me faz acreditar em você. Mesmo que tenham cogitado que você estivesse tendo alucinações, não é possível que com as pistas que conseguimos, esse cara não exista.
            — Lucas... Eles chegaram a suspeitar até que eu pudesse ter matado a minha mãe. Você tem noção do peso disso?
            — Pesado! É algo a se pensar... Tente lembrar de mais coisas quando pensar nisso. Bem, infelizmente tenho que ir agora. Podemos nos encontrar no Green’s Pub sábado à noite?
            — Fechado! Estou mesmo a fim de beber. Aproveito pra te dizer o que posso descobrir com tudo isso.

            Lucas se levanta e me deseja sorte e cuidado no jantar com o tal do James.

            O tempo passou muito rápido esse dia. Já eram oito horas da noite quando cheguei em casa. A primeira parte era telefonar para o número que a Anne me passou e confirmar o jantar. Ligo e uma voz feminina atende. Era a secretária do tal homem. Ela me fez várias perguntas e diz que iria falar com ele. Acho que ela fez isso de propósito, pois foi possível ouvir a conversa entre os dois. O tal do James não parecia nada entusiasmado com esse jantar. Mas no fim, disse algo do tipo “Diga a ele que irei né... Tenho outra opção?” Que sujeitinho escroto! Já não fui com a cara dele antes mesmo de conhecer. É, sou desses. A secretária diz que ele estaria na mesa de número 56, que ele costuma reservar para esse tipo de reunião. Despeço-me e agradeço a educação da mesma, porque dele nem preciso comentar.

            Fui tomar um banho rápido, sem masturbação dessa vez é claro, e fui escolher a roupa. Bom, optei por ir bem arrumado, afinal, quem sabe ele se importasse com uma boa imagem. Vesti uma camisa social azul, daquelas um pouco mais justas e uma gravata que a Marky me deu de presente. Coloquei uma calça jeans preta e um sapatênis branco que eu gostava muito. Escolhi um perfume bom e discreto e quando fui colocar o meu relógio, noto que já eram quase nove horas. O jantar estava marcado para nove e meia. Me apressei e encontrei com a Marky na garagem. Fomos direto pra lá. Ao chegarmos em frente ao restaurante, ela diz que ficaria dentro do carro me esperando. Eu achava um pouco perigoso, mas então me lembro de que era ela. Bem, não era uma mulher qualquer, vamos combinar.

            Entrei no restaurante. O nome era Boulevard Food. Só ouvi bons comentários do local. Decoração impecável, estrutura muito bem projetada e bem limpo. É, costumo olhar essas coisas. Logo que entrei, notei o nível das pessoas que frequentavam. Ricos. Alguns tinham uma cara de nojo que até me tirou o apetite que eu viria a ter. Pois bem, eu não sabia exatamente quem era o tal do James. Eis que pergunto a um garçom que passava, onde era a tal mesa 56. Ele me conduz até lá e a imagem a seguir é surpreendente. Um homem que aparentava ter quase trinta anos, cabelos lisos e usava um terno cinza. Tinha um ar bem atraente eu diria. Deve ser casado, provavelmente. Eu estava chegando à mesa reservada e ele ainda não havia me visto. Pela falta de entusiasmo no telefone, com certeza vai me tratar de forma nada agradável. Deveriam ter enviado uma mulher no meu lugar, eu sabia disso. Mas, me lembrei do meu objetivo principal e continuei.

            Ao perceber que era eu, ele olha com espanto e nos encaramos por alguns segundos sem dizer nenhuma palavra. Meu coração havia acelerado de uma forma incomum. Droga! Isso não era hora pra eu ficar nervoso! Por que justo agora?